"O consumidor não deve pagar a conta", diz consultora sobre substituição dos plásticos
Embalagens geraram 139 mi de ton métricas de lixo em 2021, resíduos que matam milhões de animais todos os anos

Apesar das inúmeras discussões e crescente demanda por menos plásticos na Terra, continuamos batendo recordes de produção e descarte desses materiais. Conforme o Índice de Fabricantes de Resíduos Plásticos, organizado pela filantrópica Minderoo Foundation, em 2021 foram 139 milhões de toneladas métricas de resíduos. Seis milhões a mais que a contagem anterior, de 2019.
O aumento fez as embalagens representarem, atualmente, quase 70% do lixo doméstico. Mais de 80% delas utilizadas uma vez. Mas, esses números grandiosos não impressionam tanto quanto o nível de reciclagem atual: 3%. Assim, lixões e aterros transbordam. Cidades entopem e inundam. Oceanos formam ilhas de plástico. A maior, no Pacífico, tem 100 milhões de toneladas.
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Acredita-se que esse montante provoca, por ano, a morte de mais de 100 mil mamíferos marinhos e um milhão de aves. "As embalagens estão no olho do furacão. Porque isso é um passivo ambiental muito grande. Nós precisamos repensar todo esse conjunto a partir de novas ideias poderosas, como a da circularidade, que é um sistema lixo zero. Como que a gente pode fazer isso acontecer entre as empresas, consumidores e trades", explica a mestre em gestão de marcas e consultora em ESG Erlana Castro.
Ela diz mais. A mudança na forma de embalar precisa acontecer agora, para atender as gerações que logo serão decisoras de compras, como a Z: "É um aspecto estratégico para as marcas. Porque é uma condição de participação no mercado nesse exato momento. E daqui pra frente será cada vez mais. É uma discussão pré-concorrencial, inclusive. Não é um diferencial competitivo. Apesar de vivido como se fosse pelas empresas. Também não é pra ser mais caro. Não é o consumidor que deve pagar essa conta".
Será que tem como a empresa investir em pesquisa, testes e depois adpatar todo um sistema de embalagem sem colocar o custo desse processo para o consumidor? A indústria de bebidas Ambev conseguiu. "A embalagem, quando você tem uma reciclada, na fabricação se gasta menos energia, emite menos gases poluentes, de efeito estufa, pelo simples fato de utilizar a mesma matéria-prima de um produto que já existe", explica o Luiz Gustavo Talarico, gerente de Impacto de Impacto e Sustentabilidade da Ambev.

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